Milena Oliveira
Victor Gorgulho
A Alban tem o prazer de anunciar a representação da artista Milena Oliveira (Jacobina, Bahia,1988). Baseada em Salvador, Milena é bacharel e mestre em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia e já realizou exposições individuais e participou de mostras coletivas em diversas cidades do país.
Sua produção é marcada por uma singular experimentação de materiais por meios híbridos, resultando em obras de apuro poético. Através de desenhos, esculturas, bordados, fotografias e instalações, a artista investiga relações que conectam a intimidade, lembranças afetivas e a fugacidade da memória humana.
Desde o início de sua produção, Oliveira encontrou no desenho o suporte de experimentação primário para o desdobramento de seu trabalho em outras mídias e suportes. É a partir dele que origina-se, por exemplo, seu pensamento escultórico, aprofundado em seu interesse pela cerâmica como matéria de experimentação artística, dialogando com a vasta tradição da arte baiana e sua relação tanto com a cerâmica quanto com os bordados.
Foi em 2020, de fato, quando as limitações impostas pela pandemia despertaram na artista o interesse de debruçar-se sobre outros meios, especialmente sobre trabalhos em tecido, nos quais realiza delicados desenhos bordados a partir de estudos e fotografias de sua própria autoria para tratar das instabilidades do presente. A partir da experiência do isolamento social, a artista criou um relevante corpo de trabalho, lidando com as impossibilidades e com as insuspeitadas camadas da dimensão doméstica que são vistas na construção sutil de suas linhas que falam do tempo, isolamento, da nova rotina e a fragilidade no qual somos obrigados a nos comportar.
A crítica e curadora uruguaia Alejandra Muñoz, em texto sobre a artista, também endossa o expressivo papel da casa na produção de Oliveira, refletindo sobre seus trabalhos recentes. "Seu trabalho exprime a suspensão do presente por meio de objetos reconhecíveis em qualquer âmbito doméstico, contém recorrências em torno da finitude e da liberdade, da relação com o outro e consigo mesmo, da intimidade paciente e da espera reticente."