Roberto Alban Galeria

Artistas Artista

Adrianne Gallinari

Adrianne Gallinari

Agnaldo Farias

 Um enorme desenho feito sobe pano praticamente recobre a parede do fundo da sala. Sobre ele, como se revelasse a pluralidade de espaços que um campo grande permite que a artista desenovela uma série de narrativas gráficas, cada uma delas resultante de uma modalidade de gesto e com finalidades distintas entre si. Da garatuja, do risco assistemático e ocioso, feito com grafite duro e pontiagudo, ao gesto obsessivo e regular, próximo à escrita, realizado com lápis macio e ponta rombuda, passando por figurações tênues esboços de pessoas, arquitetura e paisagem, o desenho de Adrianne Gallinari demontra-nos que o gesto é o motor de tudo o que existe. Do pulso que doma a energia e a faz convergir para as pontas dos dedos que premem o instrumento ao braço que permite que a mesma energia flua livremente como vontade de desbordamento, a artista vai compendiando os gestos, ponderando que a leveza do risco coincide com o desejo de deixar o suporte – tecido, papel, parede...-falar e que o traço grosso e regular, obsessivo a ponto de fazer com que as cifras se embaralhem, criando uma rede espessa, significa o contrário, que o som e o desenho do signo surgiram em função de nosso desejo de aplacar o som do mundo.”Palavras são desenhos”.afirma a artista, ao mesmo tempo em que propõe que as imagens sejam entendidas como escrituras. Silhuetas e construções arquitetônicas enredam-se umas nas outras, números e nomes são listados um após o outro e os desenhos, com sua energia dúctil, descolam-se do mundo, impregnam-se de energia e sentimento para se tranformarem em signos ligados à memòria e aos lugares por onde se viveu, até atingirem as fronteiras do tempo e espaço abstrato.

×
×