Roberto Alban Galeria

Artistas Artista

Almandrade

O desejo e o compromisso / máquina semiótica

Haroldo Cajazeira Alves

Insisto gratuitamente em desenhar a lógica desta miragem da miragem, que é a escritura de Antônio Luiz M. de Andrade (Almandrade). Miragem da miragem porque o sujeito Almandrade, faiscamento de rituais, marcas da instituição / arte “produz” uma escritura na garantia desta legitimidade. O pequeno escândalo anal em que este artista insiste, poderia não ser fascinante. Aliás, o teorema de Godel também. Andrade, como Godel, produz um saber sobre a impossibilidade de consistência de um sistema de signos.

Godel teve como solo / texto / doxa, desmitologisar a prática de Frege e Russel; já Andrade tem como solo a ser desconstruído, o construtivismo. Contra o mapeamento higiênico do espaço significante que postulava o construtivismo. Propõe Almandrade uma máquina semiótica atravessada pelo desejo, pelo poder, pelo gratuito e pela loucura. Contra a lei da acumulação do construtivismo ele lança o desperdício.

O território artístico funciona de forma semelhante ao sintoma, ao sonho. O desejo social recalcado para ser realizado implica na instauração de compromisso com a ordem, com o sonho. O desejo pode ser realizado no sujeito e no espaço gramaticalizado pelo compromisso, na sociedade também, o espaço é uma gelatina desejante permitida.

Andrade como Duchamp, instaura uma discussão sobre compromisso “sua arte gera um terror geométrico, que só se suporta como um riso”.

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