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Ricardo Homen

Ricardo Homen

José Bento Ferreira

 Cores e escuridão travam um combate feroz nestes quadros de Ricardo Homen, como se as formas luminosas procurassem regressar ao fundo escuro de onde parecem ter emergido. Esse movimento imprime, em cada quadro da sua formação, as marcas do fazer. O fundo escuro ora permeia tudo, ora aparece repelido pelas cores, mas jamais pode ser vencido completamente por elas, uma vez que, sem uma escuridão latente, as próprias cores não realizariam seu processo de formação. Nas suas cartas sobre A Educação Estética, Schller descreve o percurso desde a noite da natureza até as luzes, da forma como a vitória dos deuses olímpicos sobre os titânicos. Horden, porém, no poema Natureza e Arte, mostra a Júpiter que todo o seu poder vem de Saturno, como das nuvens o seu raio.

 

Nos quadros de Ricardo Homen, o fundo escuro age como a força titânica do poema de Holderlin, que ‘’anuncia o que o sagrado crepúsculo esconde‘’. Mesmo ali onde o amarelo luminoso parece subjugar a escuridão na porção inferior do quadro, investindo sobre ela com um sutil fio de luz, não é senão da escuridão que provém toda a luminosidade. Na interpretação entre luz e sombra, reside sua interdependência, por meio do seu embate, e essas forças ganham vida; pois, isoladamente, o amarelo não seria claridade, nem o negro, escuridão. Os gestos desse embate aparecem em pinceladas como vestígios de uma luta corporal. Ou de uma cena de amor...

 

 

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