A Roberto Alban Galeria tem o prazer de anunciar a exposição O menor
carnaval do mundo, individual do artista Raul Mourão. Segunda
exposição do artista na galeria, a mostra reúne um conjunto de 50
obras recentes do artista, oriundas de diferentes séries e campos de
investigação de sua vasta produção, iniciada na segunda metade da
década de 1980.
Expoente de uma geração que marcou o cenário carioca na década
seguinte, Raul Mourão é notadamente conhecido por uma produção
multimídia, que se desdobra em esculturas, pinturas, desenhos,
vídeos, fotografias, instalações e performances. Frequentemente, o
artista investiga os cruzamentos entre estes campos e linguagens,
estimulando relações multidisciplinares em sua prática, lançando mão
de um vocabulário visual único e de um peculiar senso de apreensão
da realidade que o cerca.
O menor carnaval do mundo
Clarissa Diniz
O apaixonante alvoroço de um carnaval acontecido em 2021, em meio à
pandemia, inflamou esta exposição. Contudo, o impacto que os poucos
e intensos dias tiveram na memória afetiva de Raul Mourão não o
incitou a fazer, desta mostra, um espaço-tempo de nostalgia. Como o
escultor que é, a experiência carnavalesca entre um pequeno grupo de
amigos, vivido em casa e quase que clandestinamente, o arrebatou por
confirmar – desde a amizade, a solidariedade e a paixão – um dos
princípios estético- políticos da sua obra: a redução como potência.
Há tempos que sua pesquisa tem sido marcada por investigações de
escala. Num eterno ping pong, seus trabalhos ricocheteiam-se
constantemente, elaborando versões de si mesmos que variam suas
próprias alturas, amplitudes e materialidades. Com essas operações,
Mourão parece perseguir o desejo de ocupar outras perspectivas,
reposicionando nossos pontos de vista, mudando-os de lugar,
convocando-nos a movimentos distintos, habitando cumes diversos.
Em que pese a tradição da escultura em monumentalizar-se, fazendo da
ampliação das escalas um de seus maiores fetiches, a obra de Raul
incide também na redução como estratégia de percepção e de ocupação
espacial. Verter suas peças entre o mínimo e o máximo and back again
aponta, desse modo, para a prática da redução como modelo de
inteligibilidade. Reduzir o mundo, suas coisas e forças torna-se uma
forma de circunscrevê-lo, significá-lo, compreendê-lo.
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O apaixonante alvoroço de um carnaval acontecido em 2021, em meio à
pandemia, inflamou esta exposição. Contudo, o impacto que os poucos
e intensos dias tiveram na memória afetiva de Raul Mourão não o
incitou a fazer, desta mostra, um espaço-tempo de nostalgia. Como o
escultor que é, a experiência carnavalesca entre um pequeno grupo de
amigos, vivido em casa e quase que clandestinamente, o arrebatou por
confirmar – desde a amizade, a solidariedade e a paixão – um dos
princípios estético- políticos da sua obra: a redução como potência.
A obra de Mourão alimenta-se, assim, de trivialidades e signos da
vida cotidiana e de sua vivência da paisagem urbana, então
interpretados e reconfigurados pelo artista em um processo de
elaboração de seu olhar sobre eles, tão engenhoso quanto perspicaz,
capaz de refletir sobre o que nos parece mundano, efêmero; mas
também sobre questões mais amplas, como o contexto sócio-político do
país.
Este fluxo entre as esferas individual e coletiva acontece em uma
constante retroalimentação entre estes polos, resultando em uma
produção artística de alta voltagem inventiva e linguística, em
estado de ebulição e renovação contínuos, ao passo em que
determinados temas, elementos e materiais seguem em experimentações
constantes e variadas dentro do processo criativo do artista.