Roberto Alban Galeria

Olhares transversos: fotografia e fotógrafos

Coletiva

Exposição21/Março até 30/Abril, 2019

Olhares transversos: fotografia e fotógrafos

Edgard Oliva

Olhares transversos tem a finalidade de permitir que percepções e fazeres se cruzem, dialoguem, ressignifiquem, indaguem. Faz-se necessária pela potencialidade da nossa produção local, diversa e ainda obscura diante de uma modernidade tímida, mas que aflora das inquietudes dos ateliers e das experimentações múltiplas de olhares distintos. Reunimos para esta mostra trabalhos de Adelmo Santos, Edgard Oliva – photographer-curator -,  Eriel Araújo, Gil Maciel,  Karla Brunet, Patrícia Martins, Péricles Mendes, Renata Voss, Rodrigo Wanderley, Rosa Bunchaft, and, Tom Correia, cujas imagens podem nos dar a dimensão da nossa capacidade criativa atual, contemporâneas na medida da palavra. Para tanto, reuniram-se alguns artistas fotógrafos, uns ainda emergentes e outros um tanto mais reconhecidos de público e crítica, alguns premiados.

São imagens que nos conduzem à indagação e à reflexão para a sociedade agonizante. São imagens cujas construções demandam investigações articuladas com o corpo, com a urbes, e com releituras de paisagens multifacetadas, de paisagens internas que refletem nas paisagens externas, de paisagens essenciais ao nosso organismo planetário, corpos de imagens como paisagens para sonhos. O que é, então, o contemporâneo, segundo esses olhares?

Propor dialogar, no espaço da arte contemporânea, a fotografia com outras linguagens artísticas, causa dissonâncias veiculares sob leituras ímpares. Daí a pergunta: chegamos ao contemporâneo ou o contemporâneo é aquilo que vivemos, que produzimos, que pensamos, que continua em expansão e cuja melhor parte selecionamos para que se torne mais visível e mais crítica? Ou ainda, nos alimentamos de um “contemporâneo” germinado no passado, de uma gestão fotográfica e documental que a Bahia produz sob olhares distintos, e que se torna ponto de partida para novas percepções? À pergunta de Agamben “O que é o contemporâneo?” não saberíamos responder, mas desconfiamos que este pulsa entre a novidade, o não visto, o que emerge de dentro para fora do ser pensante para uma nova visão crítica e delineadora diante de nosso olhar, do nosso estar em..., estado de imersão? Talvez ele se esconda no que está dentro de nós, nos momentos vividos, na história cultivada a qual ajudamos a construir com novos diálogos visuais. Também é sentimento. São amores, angústias, alegrias, acusações, frustrações, são estruturas internas que formamos desde a poética à imagética. Da visualidade e da materialidade experimentadas. Diria ainda que uma palavra é uma imagem e uma imagem constrói palavras. Um poema. Uma fotografia é imagem e poesia. Como linguagem atual, trabalha-se a fotografia expandida, não só imagem capturada, mas imagem organizada, imagem pensada, costurada, reflexiva, sobre a qual a diversidade do olhar e as novas experimentações se afirmam.

Os fotógrafos artistas desta mostra são criadores de visualidades voltadas para o Fotográfico, para a atualidade e a emergência dos fatos, do tempo que proporciona transversalidades, fazeres e modalidades estéticas com indagações a partir do corpo pensante, sobre o tempo presente/ausente que pulsa, e nos incomoda.

Edgard Oliva, Artista Visual e Curador - Março de 2019

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